Page 3 - Abolição da Pena de Morte: alguns exemplos europeus
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ABOLIÇÃO
                             ABOLIÇÃO

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                    PENA DE MORTE
                    PENA DE MORTE
                         alguns exemplos europeus
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        A pena de morte ocupou um lugar proeminente nos sistemas penais dos países europeus
     até ao século XIX. Segundo o sociólogo e jurista David Garland, a pena de morte corresponde
     a uma cultura de violência universalmente aceite e consentida.
        Com raízes no humanismo racionalista do Iluminismo, onde se salienta pelo seu impacto
     histórico, a obra de Cesare Beccaria, Dos Delitos e das Penas (Milão, 1764), muitos juristas
     defenderam, a partir das décadas finais do século XVIII, a elaboração de leis penais mais
     eficazes e dissuasoras, mas simultaneamente menos severas e mais respeitadoras da dignidade
     humana do que as executadas até então. A partir de meados do século XIX, outros grandes
     doutrinários da causa abolicionista surgem, tal como Carl Joseph Anton Mittermeier, Charles
     Lucas ou o escritor Victor Hugo, influenciando as reformas penais, que, com avanços e recuos,
     se foram fazendo nalgumas nações europeias. Portugal, com a publicação da Lei da abolição
     da pena de morte em 1867, torna-se um dos primeiros países a inscrever no seu sistema legal
     uma lei de abolição da pena de morte para crimes civis, colocando-se na linha da frente dos
     países pioneiros da causa abolicionista. Destaca-se de outros países por nunca a ter revogado.

        No âmbito da atribuição da Marca do Património Europeu à Carta de Lei da Abolição
     da Pena de Morte, o Arquivo Nacional da Torre do Tombo tem promovido todo um programa
     para a sua divulgação e comunicação, nomeadamente, por ocasião da celebração dos seus
     150 anos (1867-2017). É nesse contexto que se insere a mostra documental que agora
     se apresenta e que resulta de um repto lançado aos arquivos europeus, no sentido de se
     associarem a estas comemorações com documentação relacionada com os próprios percursos
     nacionais conducentes à abolição da pena de morte.

        Os documentos aqui apresentados ilustram alguns dos percursos históricos, frequentemente
     com avanços e recuos, mais precoces ou mais tardios, de países como a Itália, Roménia,
     Bélgica, Suíça, Noruega e Bulgária. É lembrado o filósofo Cesare Beccaria e a sua obra
     emblemática, Dos Delitos e das Penas, e o caso precoce, mas efémero, da abolição da pena
     de morte no Grão-Ducado da Toscânia e o Códice Leopoldino.

        E como a 10 de outubro se celebra o Dia Europeu Contra a Pena de Morte
     – uma iniciativa conjunta da União Europeia e do Conselho da Europa de 2007, lembrando
     que a pena de morte é contrária aos direitos fundamentais sobre os quais se alicerçam – são
     aqui mostrados alguns dos documentos que o instituem.
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