Page 128 - BOLETIM ÉVORA Nº1 DEZEMBRO 1942

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a de V.^ Viçosa dos Sereníssimos
Duques de Bragança; a de Portel dos
mesmos Senhores; a do Pomarinho,
aqui em Evora, dos Condes do Vimioso,
e outras em outras m.tas partes.
11. De sal, quem não sabe 4 he esta
província a melhor provida: digamno
as nove legoas 4 ha de rio, ou esteiro,
de Alcácer a Setuval; de hua parte e
outra está cheo de marinhas; e he elle
tal, 4 tendo Lisboa p.ío Tejo assima
m.taSj os 4 mais se estimam uzam de
melhor vontade do sal de Setuval do
4 do seu natural: os bons naturais e
melhor entendidos estimam mais o
alheo, quando o merece, do 4 o 4 he
seu natural. O Norte todo (excepto
França, se he 4 essa se inclue debaxo
do nome do Norte, e quer gastar, o 4
tem em suas minas, e não quer uzar
do alheo), o Norte todo, q.^o pode,
despreza o sal do mundo todo e vem
a Setuval buscar o nosso: alli se
ajuntam a buscallo // a buscallo
armadas de õO. 80. e 100. navios de
Olanda, Dinamarca, Suécia etc. Mas,
4 m.to o busquem, os 4 tem fácil a
navegaçam, quando do Sertam de toda
Hespanha, sogeita a Castella, o vem
buscar a Setuval, ou Alcacere, em cá-
filas de 200. e 300. bestas de carga,
ou em quadrilhas de 30, 40. e 50,
carretas, q.do lho não impedem as
guerras. Sendo todo o sal graça, a
este desta província acham todos
mais graça, ou mais de graça o
acham.
12. De pescados, 4 he o 4 se não
pôde affirmar da abundância e varie-
dade desta província? prescindindo
dos sáveis, lampreas, salmões, so-
lhos e mais géneros marítimos, ou
fluviais, 4 em suas margens lhe offere-
cem o Tejo e Guadiana; prescindindo
também dos barbos, picões, bordallos,
bogas e pardelhas de outros rios e
ribeiras; chegandose a tomar algiÃa
«A CIDADE DE ÉVORA»
lamprea na enxurrada chamada Pera-
manca, aqui junto a Evora; entra esta
no Xarrama, e este no Sado, por onde
esta desgraçada lamprea sobio acaso;
buscando vida, achou a morte a san-
gue frio, f o i preza despois de passar
a corrente, por quem só buscava par-
delhas; estas são tantas, 4 não só em
regatos, mas em os regos do arado
se acham e pescam m.tas vezes m.tas;
e talvez basta p.^ apanhar quantidade
delias hum cesto posto na corrente.
Em matéria de pescado do mar. Vence
tudo o porto e mar de Setuval; nà o
só o dá p.* todo o Alemtejo em abun-
dância, ainda p.la quaresma, mas com
ella entra p.la boca do Tejo a susten-
tar a imensidade das bocas de Lisboa.
De Setuval se levava (quando Deos
nos castigava) a elrei D . Phelippe
dentro á Corte de Madrid pexe fres-
co, que "ia mais voando, 4 caminhando,
ou navegando: por sinal do 4, ouvi
dizer 4 o p.ro sinal, ou indício, 4 em
Madrid houve, de ser acclamado Rey
em Portugal o Sereníssimo D. Joam o
4.", foi o faltarlhe o pexe fresco de Se-
tuval em sesta fr.^ 7 de Dezembro de
164^. Faltoulhe entam a elrei Phelippe
o maior regallo, porQ lhe fogio de
entre as mãos toda a substancia do
Reino de Portugal; e por hua e outra
falta, como experimentado, podia di-
ser o 4 disse, cuido 4 em outra
occasiam, 4 só Setuval, em Portugal,
lhe rendia mais do 4 alguns dos m.tos
reinos, 4 gozava na mais Hespanha:
faltoulhe o doce regallo do pexe e o
bom proveito das rendas. Ao proveito
util e regallos dos Reys // dos Reys,
ajuntemos 'o adorno e lízonja das
senhoras, p.^ cujos estrados offerece
o mar e os rios, em suas margens, os
juncos p.» delles se obrarem as finas
esteiras, 4 ellas athe a Itália estimam,
talvez mais do 4 alcatifas Pérsicas e
Ormuzianas.