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devem ser consideramos os modelos de ensi- experiências de aprendizagem únicas que re-
no e aprendizagem guiados pelos resultados sultam de novas relações sociais em que cada
da aprendizagem. ator é simultaneamente consumidor e produ-
Este é um cenário desejável, mas que ain- tor de informação.
da não representa a totalidade das soluções O que outrora se delineava em breves tra-
atualmente implementadas e já por muitos ços é hoje uma realidade imposta, a que to-
apelidadas como o ensino online de emer- dos os intervenientes nos processos de ensino
gência. Esta emergência da educação digi- e aprendizagem terão de se adaptar. Os que
tal poderá ser o primeiro passo para as so- gostam e os que não gostam, os que estão mo-
luções vindouras, mais amadurecidas e re- tivados e os que não estão motivados, os que
fletidas. É possível que as Instituições de En- têm formação e os que não têm formação.
sino Superior deixem de se preocupar tan- Para um futuro mais próximo do que o
to com a gestão de espaços físicos para a im- previamente esperado, impulsionado por
plementação dos processos de aprendiza- uma pandemia que não espera pelo nos-
gem presencial e passem a concentrar a sua so tempo de adaptação, é necessário agir!
atenção na gestão da educação e dos proces- Esta ação exige uma quase refundação das
sos de suporte administrativo online. Refle- Instituições de Ensino Superior. A educação
tir e aprender com as experiências deve fa- online não é um subsistema pelo que exige
zer parte do percurso de cada um, num cami- qualidade e confiança. Esta reflexão impõe
nho para a qualidade do ensino online e ma- mudanças, transformações, ou até mesmo,
turidade institucional face aos processos de ruturas paradigmáticas na relação dos espa-
aprendizagem mistos, onde o presencial e o a ços e dos contextos de aprendizagem.
distância se equilibram. Compreendendo que
o ensino online é muito mais do que a apren- Em suma, muitos são os desafios que a
dizagem com base em tecnologias digitais, educação superior enfrenta. Dos governos
não pode faltar em toda esta equação a visão espera-se a libertação dos espaços de pensa-
de uma sociedade global que exige a abertu- mento legitimados na esfera de dogmas ofi-
ra da escola a um espaço em rede de colabo- ciais, das Instituições de Ensino Superior es-
ração cognitiva e social. pera-se o pensamento transfigurante dos cur-
rículos, numa superação da replicação de sa-
A habilidade ou inabilidade de as socie- beres, dos docentes a criação de inovações pe-
dades educacionais reponderem a estes dagógicas por meio de diálogos possíveis de
desafios da educação em rede influi no seu operacionalizar à escala global, dos estudan-
destino. Não se pode permitir que o exces- tes espera-se o envolvimento e a autonomia.
so de bits massifique as diversidades cultu-
rais e individuais, mas sim encontrar formas Vamos sobreviver? Sim, se formos capazes
de explorar todo o seu potencial de transfor- de aprender com as experiências vividas e com
mação e de criação de conhecimento em es- as boas práticas existentes, procurando solu-
paços sem fronteiras. Espaços geradores de ções em conjunto, numa luta que é de todos.

